quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Ocupar em defesa da Educação

Estudantes de todo o Brasil ocupam escolas públicas para dizer “Não” à PEC 241 e à MP 746

Segundo levantamento feito pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), no último dia 20 de outubro, mais de mil escolas já tiveram, este ano, suas dependências reescritas como espaço de protesto contra a PEC 241, que retira investimentos dos serviços públicos, afetando estruturalmente as áreas da educação e saúde e contra a Medida Provisória (MP 746), que reformula o ensino médio. 

De Sousa (na Paraíba), passando por Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná indo ao Araquari, em Santa Catarina, e a vários outros estados brasileiros, estudantes secundaristas, graduandos e profissionais da educação promovem, desde maio deste ano, um movimento crescente de ocupações nas escolas públicas, Universidades e Institutos Federais. Só no Estado do Paraná, já são contabilizadas cerca de 800 escolas ocupadas.

Movimento no Paraná

Um dos porta-vozes do Movimento no Paraná, o estudante Igor, que em conversa com a nossa reportagem, pediu para ter o seu sobrenome revelado por receio de retaliação, disse que essa estrondosa adesão às ocupações em seu Estado foi devido ao contínuo e profundo sucateamento da educação pública. “A gente tem escolas aqui sem condição nenhuma de receber os estudantes, com livros de 10 anos atrás para estudar geografia, uma disciplina, em constante atualização. O governador Beto Richa investiu em uma escola só, para nessa escola gravar as propagandas dele, dizendo que o Paraná tem uma educação modelo, sendo que qualquer escola que se for há chances de não haver, nem sequer merenda. A MP do Ensino Médio, proposta pelo Temer e a PEC 241, foram a gota d’água para os paranaenses tomarem essa iniciativa”, revela.

O estudante também salienta o caráter da formação política da juventude estabelecido a partir do movimento de ocupação que, de acordo com ele, consiste na maior comoção política da história do Paraná. “Escolas de todos os tamanhos tem participado - de 7 mil alunos, de tribos indígenas, todas estão ocupadas por estudantes. Muitas dessas cidades que têm suas escolas ocupadas nunca viram um protesto, nunca se envolveram em atividades de rua. Mas, ainda assim, estão ocupadas. E isso tem chamado a atenção da rede de comunicação nacional e internacional. É uma aula de cidadania que não fica só por aqui”.

Ainda com as reivindicações na perspectiva da localidade, o que tem garantindo a unidade do que acontece no Paraná com o restante do país são exatamente os ataques propostos pelo governo ilegítimo de Michel Temer, por meio da MP que reformula a grade comum curricular do ensino médio, e da proposta de emenda constitucional 241. “Existem centenas de alternativas para resolver a crise sem retirar recurso de onde já não tem - que são a educação e saúde. Então, para a gente, olhando nacionalmente, não existe outra alternativa para o diálogo, que nos faça desocupar as escolas senão a retirada completa da MP do Ensino Médio e da PEC 241. Só assim vamos ter ganhos. Não queremos vitória parcial, não queremos meia vitória. Nós queremos uma vitória completa.”

O governo do Paraná cancelou a realização do Exame Nacional do Ensino Médio nas escolas ocupadas, o que na visão de Igor, é uma tentativa de esvaziamento da pauta de reivindicações. A medida, inclusive, é inspirada na ameaça de Mendonça Filho, atual Ministro da Educação, que exige que a desocupação das escolas aconteça até o dia 31 de outubro, do contrário, a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) será suspensa. “Agora o governador pediu para o MBL (Movimento Brasil Livre) fazer desocupações forçadas nas escolas - jogar pedra, intimidar os alunos, ameaçar. E essa é a forma que ele está fazendo aqui no Paraná, enquanto que na televisão ele diz que quer dialogar. E a gente não vai se contentar com isso. A cada escola ocupada, a gente vai ocupar pelo menos mais duas. Isso tem acontecido no Paraná, em que pelo menos 100 escolas são ocupadas por dia”, resume.

Veja outras ocupações:











Mobilizados no país inteiro contra a PEC 241


Fotos: diVera/Arquivos Subsedes Uberlândia / Viçosa/Ocupações UFMG

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